quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sobre esperas e mudanças

Alguém já disse que nossas vidas podem ser dividas em vários momentos. O que o marca a nossa passagem no tempo são dois tipos de situação complementares: a espera e a mudança. O interessante é que, embora esses dois momentos ocupem boa parte do nosso tempo temos, em geral, urgência para que eles passem logo. E, embotados por essa pressa, esquece-se de viver. Mas por que esse tema vem à tona? E qual a relação deles com esse blog? Continue lendo, caro leitor, que dentro em breve a conexão aparecerá.
Mas antes, é preciso contextualizar: o momento que vivemos agora é uma grande espera (ou duas) que será seguida de uma grande mudança (duas também - mas que no fundo, no fundo, são a mesma coisa). Está se falando aqui da espera pelo nosso bebê (o Arthur, como o observador atento já notou) e a espera pela próxima etapa do processo de migração. A primeira antecede aquela que talvez seja a maior mudança de nossas vidas, a segunda, além de tema desse blog, terá impacto igualmente marcante. A nossa tendência é transformar esses momento de espera em um mero obstáculo, afinal a próxima etapa, e só ela, é que interessa. Ai que nos enganamos, pois adotamos uma postura passiva em relação ao tempo: ele passa por nós, e nós apenas esperamos o momento acabar. A espera tem uma função muito importante nesse processo: ela nos prepara. Prepara para o que está por vir. Se soubermos tirar proveito dela, estaremos mais preparados. Outro dia mesmo, eu dizia agradecido que é bom que a gestação humana dure nove meses: dá tempo para se preparar e se acostumar com a idéia. E quem faz isso é esse tempo que passa por nós e que nós simplesmente chamamos de perda de tempo. O mesmo vale para o processo de imigração. Talvez, respondendo rapidamente (ironicamente, rápido) muitos gostariam que o processo fosse curto, documentos num dia, entrevista no outro, pedidos de exames médicos na caixa de correios na próxima quinta. Mas, se essa urgência é mesmo tão boa, vamos levá-la ao extremo: que venham logo os exames, para eu ir logo, para arrumar emprego logo, me adaptar logo, crescer meus filhos logo e... vai-se a metade da vida! A vida assim, perde a sua fluidez e junto com ela, o próprio sentido. A alternativa é tornar cada momento de espera, um rito de passagem, para que se possa ir ao próximo passo... a mudança.
A segunda parte desse post metafísico é sobre a mudança, algo novo que acontece nas nossas vidas e que tememos. O erro aqui novamente, é querer que a mudança passe logo e nos adaptemos: como pais, como moradores em um novo país. Depois de esperar tanto tempo, desejando a mudança, quando ela chega queremos que ela... passe logo! Não é estranho? Deveríamos sim, deixar as mudanças externas fazerem a coisa mais importante: mudar quem somos!
Afinal, andei pela espera, falei um pouco sobre mudança, mas a mensagem que fica é mais simples (batida e óbvia): viver o presente! Ele é a certeza que temos. E se o presente agora é de espera (ou mudança) viva-o intensamente. Porque sua vida nunca está em espera, nunca está em mudança: sua vida está sendo vivida!